.

.

domingo, 12 de abril de 2015

1/365: um, dois, três, valendo!


E foi dada a largada para o projeto 365 dias sem cartão de crédito e hoje é o primeiro dia de uma longa jornada de resistência à tentação do consumo desenfreado. O lema é: Quer comprar? Compre à vista. Se, depois de pagar todas as contas do mês e mandar um dinheirinho para a poupança, sobrar um dinheirinho para pequenos luxos, ok, tá liberado. Não tem dinheiro na conta, então não compre. Seria muito fácil ligar para o banco e pedir ao meu gerente que bloqueie a função crédito do meu cartão, no entanto, a ideia é que eu consiga resistir à tentação de gastar parcelando minhas compras em suaves prestações e, ao final desses 365 dias, poder olhar para minha fatura zerada e dizer: eu venci!

O plano era economizar

Moro em Paulo Afonso, interior da Bahia, há um ano e meio. Meu objetivo, quando pedi remoção no trabalho para cá, era economizar sem necessariamente deixar de gastar. Explico: aqui, o custo de vida é mais baixo (não tão baixo) que em Salvador e, como não tem muito o que se fazer por aqui, o dinheiro acabaria sobrando. Pelas minhas contas, em dois ou três anos eu voltaria a morar na capital com o suficiente para dar de entrada em um apê e sair do aluguel. O que eu não esperava era que, três meses depois de me mudar para cá, eu fosse ficar grávida. Foi aí que o bicho pegou.

Como tudo começou

Fui apresentada ao cartão de crédito há uns quinze anos atrás, no intervalo das aulas da faculdade, quando um rapaz me abordou, oferecendo um cartão universitário com quinhentos reais de limite. Quinhentos reais! Quase o dobro da minha bolsa de estágio. Não pensei duas vezes e aceitei, escondido da minha mãe, que é bancária e sempre ficou na minha cola por causa dos meus gastos."Que débito foi esse na sua conta?", ela questionava sempre. "Seu saldo está negativo, minha filha, você não vai dar conta de pagar", dizia ela quase todos os dias, tentando me alertar, mas eu não entendia assim. Achava que era encheção de saco, perseguição e não dava ouvidos. O cartão universitário era de outro banco. Ela não tinha como saber, mas soube e eu levei uma bela bronca, porque, de tanto pagar o valor mínimo da fatura, acabei tendo que recorrer a ela para me ajudar a derreter a bola de neve que já tinha se formado. Ela ajudou e, na minha frente, quebrou o cartão.

Depois do cartão universitário, vieram os cheques. Eram compras e mais compras parceladas em cinco, seis vezes. No início, eu conseguia dar conta, mas depois a coisa começou a degringolar e os cheques começaram a voltar. Resultado: nome sujo no SPC/SERASA e uma ação judicial de execução.

Anos mais tarde, já empregada, com o nome limpinho, tudo certinho, prometi que nunca mais gastaria mais do que eu tinha. Funcionou por dois ou três meses e, logo, vi-me, novamente, afundada em dívidas, faturas altas de cartão de crédito e, em vez de parar de gastar para ir pagando as dívidas, recorri aos CDCs e créditos salários da vida. Empréstimos fáceis que a gente faz na máquina do autoatendimento do banco ou mesmo pela internet,a juros altíssimos, descontados direto na conta corrente. Tinha mês que a conta não fechava e algumas vezes eu tive que recorrer à minha mãe. na última vez, ela juntou todas as minhas dívidas com o banco e fez um empréstimo consignado, a juros mais baixos, cujas parcelas são descontadas diretamente no meu contracheque. O valor é alto e as parcelas são muitas. Vou levar anos até saldar essa dívida.

Caindo na real

Desde o ano passado, quando soube que estava grávida, comecei a me controlar mais e passei a gastar menos. No segundo semestre, comecei a usar menos o cartão de crédito e quase todo o enxoval da minha filha, consegui comprar à vista. Sobrava até um dinheirinho para a poupança. Em dezembro, quando Lígia já estava com três meses e minha vida financeira razoavelmente organizada, fomos passar dois meses em Brasília, na casa da minha mãe. Foi quando voltei a usar o dinheiro de plástico para, entre outras muitas coisas, comprar os presentes de natal. "Só dessa vez", eu pensava cada vez que passava o "maledito" na máquina ou digitava seu número em sites de compra. O da Farm, a queridinha entre as marcas de roupas femininas (e cara também) foi o campeão: três compras em dezembro, divididas em oito vezes; uma em fevereiro, duas em março e três neste mês de abril, que mal começou, todas divididas entre seis e oito vezes. Em fevereiro teve também a compra do ar condicionado para o quarto da pequena, porque as temperaturas aqui em Paulo Afonso variam de 32 a 38 graus, o que, junto com o aumento sofrido em todo país e os ventiladores espalhados pela casa, quadruplicou minha conta de luz. A última veio 370 reais.

O blog

E em março, por falta de dinheiro na minha conta, recorri ao cartão de crédito para as compras do supermercado. Há mais de um ano eu não usava o crédito para as compras de mês. A bola de neve começou a se formar e eu comecei a ficar mal com isso. As despesas aqui aumentando consideravelmente e eu fazendo comprinhas. Não queria voltar a ver meu salário todo indo para a fatura do cartão. Foi aí que decidi criar esse blog como um incentivo pessoal para cumprir minha meta e compartilhar essa difícil jornada de, pelo menos, 365 dias sem o cartão de crédito.

Para o alto e avante! o/

Um comentário:

  1. Mais um motivo para eu continuar com meu cartão de crédito bloqueado.
    Vou acompanhar essa conquista. Avante!
    Beijos :*

    ResponderExcluir